3 - Formatando o roteiro



Mal o sujeito decide escrever um roteiro e lá vem a dúvida cruel: em que formato se deve escrever um roteiro?

Existe uma tentativa de estabelecer normas para o formato de um roteiro. Livros, manuais e alguns sites abordam isso.
Existem até alguns programas que prometem facilitar essa formatação.

Há um tempo atrás eu também fiquei na dúvida. Queria formatar corretamente meus roteiros conforme mandavam os manuais. Daí comecei a ler roteiros de descobri que a grande verdade é uma só: cada roteirista acaba escrevendo da maneira como achar mais cômodo. É isso que pouca gente diz pra você.
Pessoalmente achei mais fácil desenvolver uma forma do que aprender a operar esses programas. E depois que eu li o roteiro do longa Cidade de Deus fiquei mais tranqüilo em relação a formato.

Então o meu conselho é o seguinte: na dúvida escreva do seu jeito, do jeito que você achar melhor. Se você ficar se preocupando com isso agora sua idéia de roteiro vai por água abaixo e você ficará preso nas teias das teorias e normas.

Depois que você acabar de escrever e revisar seu roteiro aí se preocupe com a formatação. Baixe alguns roteiros na internet, dê uma boa lida e analise que tipo de estilo combina mais com você.

No meu ofício de roteirista tenho desenvolvido não uma mas várias formas de escrever um roteiro, desde o tipo mais próximo do tradicional até os mais ousados.

Pra você ter uma idéia: o roteiro do Curta O MEDO mais parece um Plano de Câmera do que vai ser filmado. O roteiro do Curta O TELEFONEMA parece um Plano de Edição. NAMORO NA INTERNET já tem um formato mais tradicional.
Tudo depende muito do que eu estou querendo/precisando escrever. No caso do MEDO e do TELEFONEMA eu (roteirista) quis fazer um roteiro detalhado do que tinha imaginado para que eu (diretor) pudesse filmar depois com mais facilidade. É a vantagem de você filmar seus próprios roteiros.

Via de regra, porém, você não precisa se dar a esse trabalho. Pode apenas indicar o lugar onde se passa a cena, o momento, se é interna ou externa. São informações que ajudam o diretor a compreender melhor o roteiro.
Outra coisa que você vai observar nos meus roteiros: dificilmente uso palavras em inglês. Procuro sempre o equivalente em português. Isso faz parte da busca de uma identidade tupiniquim para o cinema nacional. Sei que o assunto é polêmico mas é assim que eu trabalho. Busco criar uma nova linguagem dentro de uma nova estética até mesmo na formatação do roteiro. Mentes novas, idéias novas.

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